Há algo sobre a mudança de Lewis Hamilton para a Ferrari que simplesmente não faz sentido
Quando surgiu a notícia de que Lewis Hamilton — o heptacampeão mundial, o piloto de Fórmula 1 mais condecorado da história — trocaria o icônico prata da Mercedes pelo lendário vermelho da Ferrari, o mundo do automobilismo ficou boquiaberto. Nos círculos da F1, poucas histórias nos últimos anos geraram tanto drama, especulação e confusão total. Entre os críticos mais severos está o ex-piloto de F1 David Coulthard, que, como sempre, não mediu palavras: a decisão de Hamilton o deixou “totalmente confuso”. Mas Coulthard não está sozinho — fãs, especialistas e até pilotos rivais estão coçando a cabeça e se perguntando a mesma coisa… O que exatamente Lewis estava pensando?
Deixando a Dinastia que Ele Construiu
Vamos voltar no tempo. Hamilton não se limitou a ingressar na Mercedes; ele construiu uma dinastia lá. Desde sua chegada em 2013, a sinergia entre piloto e equipe elevou ambos a lendas: o maior número de vitórias na carreira, o maior número de poles, o maior número de pódios e sete títulos mundiais — todos, exceto um, com as cores da Mercedes. Por mais de uma década, a Mercedes não foi apenas uma equipe; foi a casa de Hamilton, um lugar onde ele quebrou recordes e redefiniu o que significa grandeza na Fórmula 1.
Então, após anos de domínio, Hamilton se afastou. E não em busca de outra equipe de ponta, mas da Ferrari — uma equipe com um passado icônico, mas um presente instável. A Scuderia não conquista o título de construtores desde 2008. Seus carros, embora rápidos, têm sido inconsistentes, na melhor das hipóteses. Até Charles Leclerc — a estrela da franquia — às vezes consegue chegar ao pódio por pouco. De fora, parecia que Hamilton havia saído do sucesso quase garantido para um caldeirão de incertezas. Por quê?
Comparando lendas, contrastando resultados
A opinião de Coulthard é mordaz. Ele compara a aposta de Hamilton na Ferrari ao retorno ineficaz de Michael Schumacher à Mercedes em 2010 — uma jogada que não correspondeu aos ápices mágicos da primeira carreira de Schumacher. Schumacher, antes invencível com a vermelha, nunca chegou perto de uma vitória com a prata. Da mesma forma, Coulthard duvida das chances de Hamilton conquistar o oitavo título com a Ferrari, dizendo claramente: “Não, não parece”, quando questionado se Lewis desempatará com Schumacher pelo título de maior número de campeonatos da história. Brutal, mas não infundado. Em meados de 2024, a Ferrari de Hamilton simplesmente não está à altura da tarefa.
Veja as estatísticas. Na metade da temporada, o único ponto positivo de Hamilton é uma vitória rápida na China. Enquanto isso, Leclerc lidera a Ferrari com três pódios, e Hamilton está em sexto lugar na classificação — mais de 100 pontos atrás do jovem Oscar Piastri. Para um homem cujo legado é sinônimo de excelência, este é um território desconhecido e desconfortável.
Uma rendição silenciosa?
Mas aqui está a reviravolta menos discutida: Hamilton parece já estar descartando 2025. No Grande Prêmio da Espanha, ele disse à imprensa que em breve pediria à Ferrari que concentrasse toda a sua atenção em 2026, quando os novos regulamentos de motor e chassis chegarem. Para um piloto do calibre de Hamilton, essencialmente adiar o próximo ano é incomum, senão alarmante. Essa não é uma mentalidade de campeonato; é limitação de danos. Hamilton sabia que a Ferrari não estava pronta para uma luta imediata pelo título — mas será que ele percebeu o quão distante eles estariam?
Será que ele vendeu uma visão que a equipe simplesmente não consegue concretizar? Ou será que ele realmente subestimou a escala do desafio? De qualquer forma, o subtexto é claro: esta não é a aventura para a qual ele se alistou.
Fantasia romântica ou algo mais?
Por que fazer isso, então? Alguns dizem que é uma jogada romântica — uma chance de seguir os passos de Schumacher e consolidar sua lenda na equipe mais icônica do esporte. Outros veem isso como um “seguro de legado”, para evitar a narrativa de que ele só venceu com carros dominantes. Talvez seja por controle, ou por querer um novo desafio depois de anos travando as mesmas batalhas na Mercedes. Seja qual for o motivo, é uma aposta arriscada — e o preço pode ser o status de melhor de todos os tempos de Hamilton.
Porque, apesar de toda a conversa sobre histórias de retorno e reescrita dos livros de recordes, a história da F1 é implacável. Campeões que perdem a vantagem nos últimos anos não desaparecem simplesmente; correm o risco de serem lembrados pelos motivos errados. E, neste momento, muitos — incluindo Coulthard — não acreditam que a transição de Hamilton para a Ferrari terminará com um oitavo título erguido em glória.
Legado em jogo
A mudança de Hamilton deveria ter sido o início de um novo capítulo, uma “última dança” com a equipe mais famosa do mundo. Em vez disso, preparou o cenário para um dos confrontos mais fascinantes e precários do automobilismo. Se ele tiver sucesso, será imortal — um campeão mundial de vermelho, silenciando todos os céticos. Se não conseguir, a mudança se torna um conto de advertência sobre perseguir narrativas românticas em detrimento da lógica fria e implacável.
Para os fãs, é um teatro envolvente — parte novela, parte xadrez de alto desempenho. Para Hamilton, é muito mais: não apenas um novo contrato, mas uma busca pela imortalidade. Ele apostou tudo, até mesmo a poderosa parceria que firmou com a Mercedes, nesta última jogada de dados.
A verdadeira história está entre as linhas
No fim das contas, a verdadeira história da aventura de Lewis Hamilton na Ferrari não se resume apenas a estatísticas, pódios ou títulos. Trata-se de risco, recompensa e das margens mínimas que fazem da F1 o esporte mais difícil e cruel do mundo. A mudança de Hamilton é mais do que uma transferência; é uma aposta existencial em si mesmo e no poder do legado. Não faz sentido — pelo menos não ainda. Mas é exatamente isso que nos faz continuar assistindo.
Então, conforme a saga continua, uma coisa é certa: não importa onde Hamilton termine, ele nos deu motivos para conversar, debater e imaginar — porque às vezes as melhores histórias são aquelas que você nunca vê chegando.
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