O Grande Prêmio do Canadá de 2025, realizado no último domingo, 15 de junho, no Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, foi palco de um incidente inusitado que marcou a corrida de Lewis Hamilton. O heptacampeão mundial, agora correndo pela Ferrari, viu suas chances de um pódio serem destruídas após atropelar uma marmota na volta 13, causando danos significativos ao seu carro. O impacto, que danificou o assoalho da Ferrari SF-25, custou cerca de 20 pontos de downforce, equivalente a meio segundo por volta, comprometendo o desempenho do britânico, que terminou a prova em sexto lugar. O episódio, amplamente comentado nas redes sociais e pela imprensa, destacou tanto a imprevisibilidade da Fórmula 1 quanto a emoção de Hamilton, conhecido por seu ativismo pelos direitos dos animais.

A corrida começou promissora para Hamilton. Largando em quinto, ele demonstrou ritmo competitivo, mantendo-se próximo de Oscar Piastri, da McLaren, que ocupava a quarta posição. O britânico, de 40 anos, estava otimista, gerenciando bem os pneus e acompanhando o pelotão da frente. No entanto, entre as curvas 9 e 10, o inesperado aconteceu: uma marmota cruzou a pista, e Hamilton, sem tempo para desviar, atingiu o animal. O impacto, registrado por telespectadores e viralizado nas redes sociais, causou um buraco no lado direito do assoalho do carro, destruindo as aletas aerodinâmicas. Segundo o chefe da Ferrari, Fred Vasseur, o dano custou “20 pontos de downforce”, o que afetou gravemente a performance do SF-25. Hamilton relatou à Sky Sports: “Eu não vi o que aconteceu, mas ouvi que atropelei uma marmota. Isso é devastador. Eu amo animais, então estou muito triste com isso. Nunca tinha passado por algo assim.”
O Circuito Gilles Villeneuve é conhecido pela presença de marmotas, pequenos roedores comuns na Ilha Notre-Dame. Incidentes semelhantes já ocorreram, como em 2007, quando Anthony Davidson, da Super Aguri, precisou fazer um pit stop após acertar uma marmota, e em 2018, quando Romain Grosjean, da Haas, sofreu danos em uma sessão de treinos. Apesar de comuns, esses eventos são raros durante corridas e representam riscos tanto para os pilotos quanto para a fauna local. Para Hamilton, vegano desde 2017 e defensor da causa ambiental, o incidente teve um peso emocional significativo. “Estava me sentindo muito bem até então. Fiz uma boa largada, mantive a posição, estava controlando os pneus. Estava otimista”, lamentou o piloto, que só foi informado do ocorrido por seu engenheiro, Riccardo Adami, por volta do 20º giro.

Além do impacto emocional, os danos ao carro desencadearam uma série de problemas. A perda de downforce comprometeu a velocidade em curvas de baixa, e, na metade da corrida, Hamilton enfrentou dificuldades com os freios. A estratégia da Ferrari também não ajudou: uma parada tardia no primeiro pit stop fez com que ele voltasse atrás do tráfego, agravando a situação. “Ficamos na pista por muito tempo na primeira parada, saímos atrás do tráfego, e foi um problema atrás do outro. Sou grato por ter terminado, considerando o problema nos freios”, disse Hamilton. Apesar das adversidades, ele conseguiu subir uma posição no final, beneficiado por uma colisão entre Lando Norris e Oscar Piastri, da McLaren, na penúltima volta.
A Ferrari, que perdeu a vice-liderança no Mundial de Construtores para a Mercedes, enfrenta um ano desafiador em 2025. Hamilton, em sua primeira temporada com a equipe, reconhece que vitórias são improváveis este ano. “Sei que não estamos disputando o título. Muitas coisas precisam mudar”, afirmou. Ele mantém um leve otimismo para o próximo GP, na Áustria, de 27 a 29 de junho, onde acredita que o carro pode ser mais competitivo em curvas de alta velocidade. Enquanto isso, o incidente com a marmota adicionou um capítulo único à trajetória de Hamilton no Canadá, reforçando a imprevisibilidade da Fórmula 1. Vasseur, com bom humor, brincou: “Vamos mandar flores para a marmota.” Para Hamilton, porém, a tristeza pelo animal e a frustração na pista marcaram um domingo inesquecível em Montreal.