Análises de sepulturas no convento jacobino em Rennes (oeste da França) revelaram práticas funerárias até então desconhecidas, desafiando interpretações anteriores sobre a história da morte e da crença na Europa.

Construído em 1369, o convento tornou-se o principal local de sepultamento da aristocracia de Rennes, sede do parlamento da Bretanha. Escavações realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas (INRAP), sob a direção de Drac Bretagne, revelaram aproximadamente 900 sepulturas datadas entre os séculos XIV e XVIII.
Esses sepultamentos incluíam cinco urnas de chumbo em forma de coração, cada uma contendo um coração humano abortado, bem como cinco caixões de chumbo. Muitas das urnas ostentam inscrições de identificação e contêm corações embalsamados e tratados. Um exemplar único continha o coração de um homem que morreu em 1649 e foi enterrado a 200 km de Rennes. Seu coração foi encontrado sobre o túmulo de sua esposa, uma benfeitora do convento, que morreu sete anos depois e também teve o coração removido.
Observando variações no uso de embalsamamento, remoção de corações e outros ritos, a pesquisa de Inrap identificou vínculos duradouros entre atitudes religiosas, status sociais e processos de sepultamento de indivíduos no convento, sugerindo pela primeira vez que a evolução das práticas funerárias europeias da Idade Média até a era moderna não foi simplesmente um processo de secularização gradual.
