A suposta proibição de Elon Musk ao conteúdo do Disney Pride no X gera indignação global: alegações de que “Woke” não é adequado para crianças, mas isso é uma farsa satírica ou um precedente perigoso?
Em 8 de maio de 2025, às 10h47 +07, uma publicação no X por @RealKahunaJack incendiou a internet com uma afirmação chocante: Elon Musk, o bilionário dono do X, havia bloqueado o conteúdo do Orgulho LGBTQIA+ da Disney na plataforma, declarando que mensagens “conscientes” não são adequadas para crianças. O anúncio, se verdadeiro, marcaria uma mudança radical nas guerras culturais em curso, colocando a visão de Musk sobre “valores tradicionais” contra a defesa de longa data da Disney pela inclusão. Mas, à medida que a história se espalha como fogo em palha, gerando indignação e debate, uma investigação mais aprofundada revela que essa bomba pode não passar de uma invenção satírica — uma invenção que expõe a fragilidade da verdade na era digital.
A alegação alega que Musk, que tem expressado abertamente seu desdém pelo que ele chama de “vírus da mente desperta”, tomou medidas drásticas para “proteger as mentes jovens” ao restringir o conteúdo relacionado ao Orgulho da Disney no X. Isso supostamente incluiu a despriorização de hashtags como #LoveIsLove e #Pride2025 e a sinalização de anúncios com temas LGBTQ+ como “com restrição de idade”, limitando severamente seu alcance. A medida, de acordo com a narrativa, foi enquadrada como uma defesa das crianças contra conteúdo “inapropriado”, com Musk supostamente afirmando que plataformas como o X deveriam se alinhar a valores “neutros” para o público mais jovem. A Disney, uma titã do entretenimento com um histórico de defesa da diversidade, foi escalada como a vilã na suposta cruzada de Musk, com suas iniciativas do Orgulho — como o especial de TV de 2023 Say It With Pride: Disney+ Celebrates #Pride365 — presas na mira.
As mídias sociais explodiram em resposta. Apoiadores da suposta decisão de Musk o saudaram como um defensor dos valores tradicionais, com comentários sobre X ecoando sentimentos como: “Finalmente, alguém defendendo as crianças!”. Os críticos, no entanto, condenaram a medida como um ato flagrante de censura, argumentando que ela marginaliza as vozes LGBTQ+ e envia uma mensagem prejudicial aos jovens. “A representação na mídia é crucial para promover a empatia — por que Musk iria querer apagar isso?”, postou um usuário. A controvérsia reacendeu debates mais amplos sobre o papel das plataformas de mídia social na formação do discurso cultural, com alguns questionando se X deveria atuar como um guardião do conteúdo, enquanto outros exigiram que a Disney reagisse contra o que viam como um exagero de poder.
Mas aqui está a reviravolta: a história parece ser uma invenção enraizada na sátira. Investigações revelam que alegações semelhantes surgiram já em novembro de 2024, originárias de sites satíricos como Zapon.com e Esspots.com. O artigo de Zapon, publicado em 12 de novembro de 2024, trazia a manchete “Elon Musk bloqueia conteúdo do Orgulho da Disney no X, diz que ‘Woke’ não é para crianças”, mas foi claramente marcado como sátira, com um aviso afirmando: “Isso é SÁTIRA, não é VERDADE”. O Esspots seguiu o exemplo, alegando que Musk havia bloqueado permanentemente todo o conteúdo do Orgulho no X, uma alegação também rotulada como paródia. Veículos de checagem de fatos como Snopes, PolitiFact e Reuters desmascararam esses rumores, confirmando que nenhuma evidência confiável — como declarações de Musk, Disney ou X — apoia a narrativa. As postagens relacionadas ao Orgulho da Disney, incluindo um anúncio de um evento do Orgulho em 2023, permanecem ativas no X até hoje, 8 de maio de 2025.
O histórico de Musk acrescenta complexidade à narrativa. Ele de fato criticou a Disney, chamando-a de “o maior exemplo mundial de ‘vá acordado, vá à falência’” em uma publicação no X em dezembro de 2023, e em julho de 2024, afirmou que um “vírus da mente acordada” controla a empresa. Sua revogação das políticas do X que protegiam usuários transgêneros de assédio em 2023 alimenta ainda mais as percepções sobre sua postura em relação à inclusão. No entanto, não há registro de Musk implementando uma proibição de conteúdo sobre o Orgulho, e a suposta citação — “Não é bom para crianças” — é fabricada. A persistência desse boato, amplificada por publicações como a de @RealKahunaJack, destaca o perigo da sátira ser confundida com a realidade, especialmente em tópicos polarizadores.
As consequências dessa farsa são um lembrete contundente do poder da desinformação. Embora Musk não tenha bloqueado o conteúdo do Orgulho Gay da Disney, a disseminação viral da alegação tem implicações no mundo real, alimentando divisões e reforçando narrativas de exclusão. Para a Disney, o boato ressalta os desafios de navegar em batalhas culturais em uma era em que a verdade é facilmente distorcida. Para Musk, é uma faca de dois gumes: embora ele escape dessa acusação específica, sua retórica passada garante que tais histórias permaneçam críveis para muitos. Enquanto o mundo do tênis luta com seus próprios dramas — como a rivalidade de Alcaraz com Sinner — esta saga serve como um conto de advertência: na era digital, uma mentira pode viajar mais rápido que a verdade, deixando cicatrizes duradouras em seu rastro.