O Grande Prêmio da China de 2025 será lembrado como um dos fins de semana mais caóticos da temporada de Fórmula 1. Mal a temporada havia começado, e a Scuderia Ferrari, lançada aos holofotes com a chegada de Lewis Hamilton, se viu no centro de uma polêmica explosiva. Uma convocação secreta da FIA, revelada logo após a classificação de velocidade em Xangai, lançou uma luz dura sobre tensões internas e suspeitas de não conformidade técnica. O que aconteceu nos bastidores durante esta sessão movimentada e que consequências isso pode ter para a equipe italiana?

Na sexta-feira, 21 de março de 2025, o Circuito Internacional de Xangai sediou a primeira sessão de qualificação de velocidade da temporada. Com apenas uma sessão de treinos livres para se adaptar à pista recapeada e às condições climáticas imprevisíveis, as equipes já estavam no limite. A Ferrari, impulsionada pelo ímpeto de Lewis Hamilton, surpreendeu todo o paddock ao conquistar a pole position para a corrida de velocidade, com o britânico superando por pouco Max Verstappen com uma volta recorde de 1:30.849. Charles Leclerc, por sua vez, terminou em quarto, consolidando um início promissor para a equipe.
Mas por trás dessa performance brilhante, o caos estava se formando. Assim que a sessão terminou, rumores circularam no paddock: a FIA havia convocado a Ferrari para uma reunião secreta. Detalhes da intimação permaneceram obscuros por várias horas, alimentando especulações. Estava relacionado a uma violação técnica? Um incidente na pista? Ou uma estratégia duvidosa? Os fãs, ainda eufóricos após a pole position de Hamilton, rapidamente se desiludiram quando souberam que sua equipe estava no centro das atenções pelos motivos errados.
Foi somente tarde da noite, depois que as luzes do circuito se apagaram, que um documento oficial da FIA vazou, confirmando a convocação. De acordo com as informações reveladas, a Ferrari foi condenada a explicar uma possível violação do Artigo 33.4 do regulamento esportivo da Fórmula 1, que proíbe dirigir “desnecessariamente devagar” entre as linhas do safety car durante a classificação. Charles Leclerc, em particular, estava na mira dos comissários após exceder o tempo delta máximo de 1:54.0 imposto pelas notas do evento.
O momento incriminado? Uma sequência capturada pelas câmeras de bordo onde Leclerc, no final do Q2, pareceu reduzir excessivamente a velocidade antes de ceder a posição a Hamilton, conforme solicitado por sua equipe via rádio. “Troquem de posição”, ordenou o engenheiro de Leclerc, uma instrução que imediatamente levantou questões. Essa foi uma tática deliberada para proteger Hamilton e dar a ele uma pista limpa para sua volta rápida? Se for assim, isso pode ser interpretado como manipulação estratégica, uma prática que a FIA vem tentando erradicar há anos.
Diante dessa acusação, a Ferrari jogou a carta da defesa. Diego Ioverno, diretor esportivo da equipe, foi visto caminhando até a sala dos comissários ao lado de Leclerc, com uma expressão séria no rosto. Em um breve comunicado, a equipe disse que a desaceleração de Leclerc foi devido a “circunstâncias atenuantes” – uma perda momentânea de aderência na Curva 2, onde ele já havia quase perdido o controle no início da sessão. Os dados de telemetria, segundo a Ferrari, provariam que não houve intenção de violar os regulamentos.
Mas essa explicação não convenceu a todos. Equipes rivais, principalmente McLaren e Red Bull, vêm acompanhando a história de perto, prontas para aproveitar qualquer oportunidade para desestabilizar a Ferrari. “Se for verdade, é uma vergonha”, disse um membro anônimo da equipe McLaren a um repórter da Sky Sports F1. “Você não pode jogar pelas regras desse jeito, especialmente em uma sessão tão acirrada.”
Por enquanto, o veredito da FIA continua pendente. Se Leclerc for considerado culpado, uma penalidade de grid para a corrida sprint ou até mesmo para o Grande Prêmio poderá ser imposta, colocando em risco as esperanças da Ferrari em um fim de semana em que eles finalmente pareciam estar recuperando a vantagem sobre seus rivais. Mas além das sanções imediatas, este caso levanta questões mais profundas sobre a dinâmica interna da equipe. Hamilton na pole está recebendo tratamento preferencial em relação a Leclerc? Será que a relação entre os dois pilotos, já sob escrutínio dos observadores, poderia ruir sob essa pressão?
À medida que a corrida de velocidade se aproxima, o paddock prende a respiração. A Ferrari, que sonhava com uma estreia espetacular com sua dupla de estrelas, se vê navegando em águas turbulentas. A FIA, fiel à sua reputação de imprevisibilidade, ainda pode ter algumas surpresas reservadas. Uma coisa é certa: em Xangai, o show não se limita às pistas. Os próximos dias dirão se a Ferrari sairá mais forte dessa provação ou se esse caos marcará o início de uma temporada mais tumultuada do que o esperado.