Elon Musk, o bilionário conhecido por suas opiniões contundentes e muitas vezes controversas, voltou a incendiar as redes sociais com uma declaração que reacendeu um debate global: “Homens biológicos não devem competir nos esportes femininos”. A frase, postada em sua conta no X em 2025, gerou uma onda de reações, desde apoio fervoroso até críticas acirradas, destacando mais uma vez a polarização em torno de questões de gênero, ciência e justiça no esporte. Mas o que está por trás dessa afirmação? E por que ela provoca tanto barulho?

A declaração de Musk veio em resposta a uma notícia sobre a participação de atletas transgênero em competições femininas, um tema que tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente em eventos como as Olimpíadas e campeonatos nacionais. O bilionário, que já se descreveu como um defensor da liberdade de expressão e do pensamento crítico, endossou uma posição que ecoa sentimentos de muitos conservadores e atletas preocupados com a equidade no esporte. Ele compartilhou uma manchete sobre a promessa de Donald Trump de proibir a participação de “homens biológicos” em esportes femininos, comentando simplesmente: “Bom”. Para Musk, a questão parece ser uma questão de lógica básica, baseada em diferenças biológicas inegáveis entre homens e mulheres.
Musk não é o primeiro a tocar nesse ponto. Nos últimos anos, figuras públicas como Boris Johnson, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, e atletas como a brasileira Ana Paula Henkel já expressaram opiniões semelhantes, argumentando que permitir a participação de pessoas nascidas com corpos masculinos em competições femininas cria uma vantagem injusta. O caso da nadadora Lia Thomas, que competiu como homem antes de transição e depois dominou competições femininas nos EUA, é frequentemente citado como exemplo.
O argumento de Musk e seus apoiadores tem respaldo em evidências científicas que apontam diferenças fisiológicas significativas entre corpos masculinos e femininos. Estudos mostram que homens, em média, possuem maior massa muscular, densidade óssea e capacidade pulmonar, vantagens que não desaparecem completamente mesmo após tratamentos hormonais, como a supressão de testosterona. Um estudo divulgado pela NBC, conduzido pelo Dr. Timothy Roberts, concluiu que mulheres trans mantêm uma vantagem competitiva mesmo após um ano de terapia hormonal — o período mínimo exigido por muitas organizações esportivas para permitir a participação.
Por outro lado, críticos argumentam que esses estudos têm limitações e que o esporte deve evoluir para incluir todos, independentemente da biologia ao nascer. Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm ajustado suas regras, exigindo níveis específicos de testosterona para atletas trans, mas isso não silenciou o debate. Para muitos, como a ex-nadadora Sandra Bucha, a questão vai além dos hormônios: “Nenhuma quantidade de supressão de testosterona muda a estrutura óssea ou o comprimento do braço”.
A declaração de Musk foi recebida com aplausos por aqueles que veem a participação de atletas trans como uma ameaça aos esportes femininos. Grupos como o Save Women’s Sports, nos EUA, que lutam para manter os gêneros separados nas competições, celebraram o apoio do bilionário. “Finalmente alguém com influência falando o óbvio”, escreveu um usuário no X. Atletas como Ana Paula Henkel, que já chamou essa inclusão de “exclusão disfarçada de mulheres”, também reforçam essa visão.
No entanto, a crítica foi igualmente feroz. Ativistas LGBTQ+ acusaram Musk de transfobia, alegando que sua declaração desumaniza mulheres trans e ignora suas identidades. “Ele reduz pessoas a biologia, como se a vida fosse só isso”, disse um comentarista no X. Outros apontaram que Musk, um homem que não compete no esporte, não teria autoridade para opinar sobre um tema tão complexo. A hashtag #MuskTransfóbico ganhou tração, enquanto defensores da inclusão pediram boicotes às empresas do bilionário, como Tesla e SpaceX.
Essa não é a primeira vez que Musk se envolve em debates sobre gênero. Em 2020, ele tuitou “Pronomes são uma merda”, antes de apagar o post e afirmar que apoia pessoas trans, mas acha os pronomes um “pesadelo estético”. Sua filha transgênero, Vivian Jenna Wilson, cortou laços com ele em 2022, mudando seu nome e gênero legalmente, o que sugere tensões pessoais que podem influenciar suas visões públicas. Apesar disso, Musk insiste que suas opiniões são baseadas em razão, não em preconceito.
A polêmica levantada por Musk não mostra sinais de arrefecer. Nos EUA, estados como Idaho já aprovaram leis para impedir a participação de homens biológicos em esportes femininos, enquanto outros enfrentam batalhas judiciais para reverter essas medidas. Internacionalmente, o COI e outras entidades esportivas continuam revisando suas políticas, tentando equilibrar inclusão e justiça competitiva.
Enquanto isso, Musk segue firme em sua posição, usando sua plataforma no X — que ele controla desde 2022 — para amplificar suas ideias. Seja visto como um defensor da ciência ou um provocador insensível, uma coisa é certa: sua voz tem peso. Em um mundo onde a biologia, a identidade e a equidade colidem, a frase “homens biológicos não devem competir nos esportes femininos” continuará ecoando, desafiando todos a repensar o que significa competir de forma justa em 2025.